A Vida é uma eterna procura.
Este blog é uma viagem interior e o reflexo de uma permanente busca do encontro
com O Deus-Amor, com o próximo, comigo própria...

Enfim, é o espelho de um espírito inquieto.

Pintura de Paul Klee

segunda-feira, 22 de março de 2010

Gymnopédies, de Erik Satie - Para recordar alguém muito, mas mesmo muito especial...

Música de sempre, para sempre

...para respirar,

sem pressas,

o tempo que passa...

... tout doucement ...




Fez há pouco tempo um ano
que aconteceu uma grande mudança na minha vida:
despedi-me de uma pessoa muito especial.
Apenas me consola saber
que foi uma despedida temporária...

Deixo aqui uma pequena homenagem
a um Homem de bom gosto,
e que sabia bem o que era
disfrutar do que a Vida tem de melhor
para nos dar.
Esta foi uma das lições de vida
que eu pude aprender com ele
ao longo dos anos,
e que guardo comigo
como um tesouro muito estimado.

Bem-haja, Pai!

De uma filha cheia de saudades.

quinta-feira, 18 de março de 2010

A Amizade é Incurável

Eu talvez não tenha muitos amigos.

Mas os que eu tenho são os melhores
que alguém poderia ter.

Além disso tenho sorte, porque os
amigos que tenho têm muitos
amigos e os dividem comigo.

Assim o meu número de amigos sempre
aumenta, já que eu sempre ganho
amigos dos meus amigos.

Foi assim aqui, uns eu ganhei há tempos,
outros são mais recentes.

E quem os deu não ficou sem eles,
pois a amizade pode sempre ser
dividida sem nunca diminuir
ou enfraquecer.

Pelo contrário, quanto mais dividida,
mais ela aumenta.

E há mais vantagens na amizade:
é uma das poucas coisas que não
custam nada e valem muito,
embora não sejam vendáveis.

Entretanto, é preciso que se cuide um
pouco das amizades. As mais recentes,
por exemplo, precisam de alguns cuidados.
Poucos, é verdade, mas indispensáveis.

É preciso mantê-los com um
certo calor,falar com eles mais
amiúde e no início, com muito jeito.

Com o tempo eles crescem, ficam
fortes e até suportam alguns trancos.

Os mais antigos, já sólidos, não exigem
muito, são como as mudas das plantas,
que depois de enraizadas, parecem
poder viver sem cuidados, porém não
podem jamais ser esquecidas.

Algo é preciso para mantê-las vivas.

Prezo muito minhas amizades e
reservo sempre um canto no
meu peito para elas.

E, sempre que surge a ocasião, também
não perco a oportunidade de dar um
amigo a um amigo, da mesma forma
que eu ganhei vocês.

E não adiantam as despedidas.
De um amigo ninguém se livra fácil.

A amizade além de contagiosa
é totalmente incurável.


Vinicius de Morais

terça-feira, 2 de março de 2010

Com o tempo aprendi

Diz-se que este texto é de Shakespeare...
Mesmo que não o seja,
mesmo sendo longo,
vale a pena ler e ouvir.Como passar do tempo aprendemos a diferença,
a subtil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma.
Aprendemos que amar não significa apoiar-se,
e que companhia nem sempre significa segurança.
Começamos a aprender que beijos não são contratos,
e presentes não são promessas.
Começamos a aceitar as nossas derrotas
com a cabeça erguida e olhos adiante,
com a graça de um adulto,
e não com a tristeza de uma criança.
Aprendemos a construir todas as nossas estradas no hoje,
porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos,
e o futuro tem o costume de cair no meio do vão.
Com o passar do tempo, aprendemos que
o sol queima se ficarmos expostos por muito tempo.
E aprendemos que não importa o quanto nos importemos,
algumas pessoas simplesmente não se importam...
E aceitamos que não importa quão boa seja uma pessoa,
ela vai ferir-nos de vez em quando e é preciso perdoá-la por isso.
Aprendemos que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobrimos que são precisos anos para conquistar a confiança de alguém
e apenas segundos para destruí-la.
E que podemos fazer coisas num instante apenas,
das quais nos arrependeremos para o resto da vida.
Aprendemos que verdadeiras amizades
continuam a crescer mesmo a longas distâncias.
E que o que importa não é o que temos na vida,
mas quem temos na vida.
E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.
Aprendemos que não temos que mudar de amigos,
se compreendermos que os amigos mudam.
Percebemos que nós e o nosso melhor amigo
podemos fazer qualquer coisa,
ou nada,
e passarmos bons momentos juntos.
Descobrimos que as pessoas com quem mais nos importamos na vida
são levadas de junto de nós muito depressa,
por isso devemos sempre despedir-nos das pessoas que amamos
com palavras amorosas:
pode ser a última vez que as vejamos.
Aprendemos que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós,
mas também que nós somos responsáveis por nós próprios.
Começamos a aprender que não nos devemos comparar com os outros,
mas sim com o melhor que podemos ser.
Descobrimos que se leva muito tempo para tornarmo-nos na pessoa que queremos ser,
e que o tempo é curto.
Aprendemos que não importa onde já chegámos,
mas para onde nos dirigimos;
no entanto, se não sabemos para onde vamos,
qualquer caminho serve.
Aprendemos que, ou controlamos os nossos actos,
ou eles nos controlarão,
e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade,
pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação,
existem sempre dois lados.
Aprendemos que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer,
enfrentando as consequências.
Aprendemos que paciência requer muita prática.
Descobrimos algumas vezes
que a pessoa que esperamos que nos rejeite quando caímos,
é uma das poucas que nos ajudam a levantar-nos.
Aprendemos que maturidade
tem mais a ver com as experiências por que passámos
e o que aprendemos com elas,
do que com quantos aniversários celebrámos.
Aprendemos que há mais dos nossos pais em nós próprios
do que supúnhamos.
Aprendemos que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são tolices;
poucas coisas são tão humilhantes
e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
Aprendemos que quando estamos com raiva,
temos o direito de estar com raiva,
mas isso não nos dá o direito de sermos cruéis.
Descobrimos que só porque alguém não nos ama
do modo que gostaríamos que amasse,
isso não significa que esse alguém não nos ame
com quantas forças tem,
pois existem pessoas que nos amam,
mas simplesmente não sabem como demonstrá-lo ou vivê-lo.
Aprendemos que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém,
algumas vezes temos que aprender a perdoar-nos a nós próprios.
Aprendemos que, com a mesma severidade com que julgamos,
assim seremos algum dia julgados.
Aprendemos que não importa em quantos pedaços o nosso coração foi partido,
o mundo não pára para que o consertemos.
Aprendemos que o tempo não é algo que possa voltar para trás.
Portanto, há que plantar o nosso jardim,
decorar a nossa alma,
ao invés de esperar que alguém nos traga flores.
E aprendemos que temos forças para aguentar,
que realmente somos fortes,
e que podemos ir muito mais longe,
depois de pensarmos que não podemos mais.
E que realmente a vida tem valor
e que temos valor diante da vida!
As nossas dúvidas são traidoras
e fazem-nos perder o bem que poderíamos conquistar,
se não fosse o medo de tentar.

Dedicado aos Meus Amigos, com Muito Carinho

Os meus verdadeiros Amigos
são todos assim:
metade loucura,
metade santidade.
Escolho-os, não pela pele,
mas pela pupila:
tem que ter brilho questionador
e tonalidade inquietante.
Fico com aqueles
que fazem de mim
“louco” e “santo”.
Deles não quero respostas,
quero o meu avesso.
Deles preciso
que me tragam dúvidas e angústias
e aguentem o que há de pior em mim.
Ser Amigo, daqueles Verdadeiros,
Mesmo Verdadeiros,
é coisa de Louco.
Louco que se senta,
em horas e horas
de conversa ou de silêncio
e espera a chegada
da lua cheia...
Amigos, Verdadeiros Amigos,
preciso deles santos,
para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho os meus Amigos
pela cara lavada
e pela alma exposta.
Não preciso de risos previsíveis,
nem de choros piedosos.
Não quero deles só o ombro ou o colo,
quero também a sua maior alegria...
Amigo que não ri em conjunto,
não sabe sofrer em conjunto.
Os meus amigos são todos assim:
metade loucura,
metade seriedade.
Não quero amigos adultos, nem chatos.
Quero-os metade infância e metade velhice:
- crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto...
- e velhos, para que nunca tenham pressa.
Preciso deles para saber quem eu sou,
pois vendo-os e conhecendo-os loucos e santos,
tolos e sérios,
crianças e velhos,
nunca me esquecerei
que a normalidade
é uma ilusão... estéril!